Marilene Hannud

Estilista entrou no mercado da moda há 30 anos, formada pela Faculdade Esmod de Paris, escritora do livro Mulher dos 15 aos 70 anos que conta a trajetória da vida da mulher através da moda.

Atualmente atua como Consultora de Moda e Assessoria de Imagem.

Natal e o Vermelho de Valentino

Nesta época do ano é impossível não associar moda e estilo com a cor vermelha. É uma das minhas tonalidades prediletas, sempre presente em minhas criações e coleções. Em casa, como não poderia ser diferente, esse colorido também está lá, seja nas paredes ou mesmo em outras peças de decoração. Por essas e outras razões, o Natal é uma das épocas do ano que mais curto e aproveito.


É um período perfeito para reunir familiares, fazer planos e pedidos, bem como se preparar espiritualmente para o que virá no ano seguinte. Lembro com bastante carinho dos Natais promovidos pela minha sogra em sua casa na Avenida Paulista. Era uma reunião maravilhosa, na qual toda família estava presente. Guardo ótimas memórias e tenho muitas fotos dessas confraternizações, que para mim serão sempre inesquecíveis.

Mas e no meu vestuário? Ah, dezembro acaba sendo um mês em que me arrisco abusar um pouco mais no vermelho. Várias são as minhas inspirações, mas nunca esqueço uma frase do Valentino, que também adorava a cor. Dizia assim o mestre da moda: “Uma mulher vestida de vermelho está sempre magnífica; ela é, no meio da multidão, a imagem da heroína”.


Nascido em 1932, em Voghera, cidade ao norte de Milão, na Itália, Valentino Garavani sempre teve o vermelho entre suas cores prediletas. Ainda jovem, frequentava óperas e notava como a maioria dos figurinos em cena era naquela tonalidade. “Reparei que, além do negro e do branco, não havia cor mais bela”, já disse ele mais de uma vez em suas entrevistas.

Referência mundial

Falar de Valentino é fazer referência (e reverência) ao bom gosto e ao estilo. É também falar de um dos maiores estilistas de todos os tempos, alguém que mudou completamente o jeito de se pensar moda. Chegado à Paris com apenas 18 anos, ele foi o primeiro estrangeiro a entrar no fechado círculo da moda parisiense no Pós-Guerra. Anos depois, venceria o concurso promovido pelo Secrétariat International de La Laine, disputa que Yves Saint Laurent e Karl Lagerfeld também ganhariam anos depois.


A estética do filme La Dolce Vita, lançado em 1960 por Federico Fellini, fez das peças de Valentino as preferidas entre as grandes atrizes do cinema nas décadas seguintes, que buscavam a elegância de seus cortes e caimentos, muitas vezes atrelados à extravagância da cor vermelha. A lista de modelos, atrizes e celebridades que usam o famoso vermelho do mestre da moda é extensa, indo desde Sophia Loren, Elizabeth Taylor, Audrey Hepburn, Jackie Onassis a personalidades mais recentes como Julia Roberts, Anne Hathaway e Gisele Bündchen.

Em 2008, depois de 45 anos à frente de sua marca, período em que transformou o seu famoso logotipo “V” em sinônimo de luxo e elegância, Valentino decidiu se aposentar. Após sua saída do dia a dia da grife, o cargo na criação da maison ficou nas mãos de Pier Paolo Piccioli e Maria Grazia Chiuri.


Em 2012, Valentino recebeu o prêmio do Conselho da Costura do Instituto de Moda de Nova York. A honraria foi concedida para homenagear a longa carreira do mestre da moda, referência para todos os estilistas e, claro, para mim também. “Valentino apresentou à moda esse tom de vermelho que tanto nos favorece”, disse Yaz Hernandes, integrante do Conselho da Costura, durante a entrega da premiação.

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Marilene Hannud

(*) foto de Valentino de autoria de Pier Paolo Cito/AP

Um pedacinho do céu

Não faz muito tempo, a cidade mineira de Brumadinho, localizada a 56 quilômetros de Belo Horizonte, era praticamente desconhecida. Apesar de sua rica história – a criação do então pequeno vilarejo remonta ao período da Guerra dos Emboabas, quando seus primeiros colonizadores se dirigiram para lá a fim de garimpar ouro –, o município ficou longe dos holofotes até meados da década de 1980. 

Tudo mudou quando o empresário Bernardo de Mello Paz começou a idealizar o Instituto Inhotim. Museu a céu aberto, com um dos mais relevantes acervos de arte contemporânea do mundo e uma coleção botânica que reúne espécies raras de todos os continentes, o local é hoje parada obrigatória para quem gosta de arte, arquitetura, natureza e, claro, de viajar.


Não é exagero chamar Inhotim de pedacinho do céu. Em cerca de 790 hectares, Bernardo criou lindos jardins e belas construções com arquiteturas ousadas e inovadoras, tudo isso em uma área de visitação que compreende ainda fragmentos de mata e cinco lagos ornamentais que compõem magistralmente com a vegetação e o paisagismo do local. 

Vale perder um tempo neste texto para falar sobre Bernardo de Mello Paz. Empresário que fez fortuna no setor de mineração e siderurgia, ele foi casado por muitos anos com a artista plástica carioca Adriana Varejão. Há cerca de 30 anos, comenta-se que começou a se desfazer de sua valiosa coleção de arte modernista, que incluía obras de Portinari, Guignard e Di Cavalcanti, entre outros, para formar o acervo atual de Inhotim, que foi aberto ao público somente em 2006.


Presente e participativo, Bernardo arruma tempo na agenda para as inaugurações de novos pavilhões e exposições dentro do complexo, além de estar sempre instigando a equipe de curadores a buscar novas obras e artistas. Não é do tipo, contudo, que dá palpite na compra de novas peças, como garantiu uma das curadoras do instituto em entrevista para o New York Times, em 2013.
 
Passeio
Para conhecer Inhotim sem sobressaltos, tendo tempo suficiente para conhecer tudo com calma e atenção, são necessários três dias. Se você tem pressa, dois dias também podem ser suficientes, mas saiba que um gostinho de quero mais certamente ficará em seus lábios. Melhor dizendo, mesmo que você passe uma semana por lá essa sensação não te deixará por alguns meses.

O desenho de Inhotim lembra muito o de jardins chineses. Ao andar pelas ruelas curvilíneas do local, você não consegue ver o que há à sua frente. Dessa forma, o caminho sempre dá luz a uma feliz descoberta, seja ela uma galeria, um pavilhão, uma escultura ou mesmo um visual indescritível. E quando você já está cansada de andar de um lado para o outro, um oásis aparece. Ele se materializa na forma de uma sombra agradável à beira de um dos lagos ou pelos 98 bancos gigantes feitos de troncos de árvores, que são lindos e confortáveis. É importante destacar que há ainda boas opções de restaurante e lanchonetes no interior do parque.


Pois saiba também que é delicioso andar a esmo pelo parque, perder-se pelas ruazinhas que dão acesso às 18 galerias – que reúnem trabalhos de artistas consagrados como Tunga, Hélio Oiticica, Adriana Varejão, Matthew Barney e Rivane Neuenschwander – ou mesmo sentar-se embaixo de umas muitas árvores para fazer um singelo lanche e relaxar contemplando a natureza. Para quem não está disposto a caminhar muito, uma boa dica é pagar pela utilização dos carrinhos de golfe que cruzam freneticamente as ruelas do instituto.

Como chegar
O mais legal de tudo é que Inhotim é muito mais perto do que parece. Partindo de São Paulo há uma infinidade de voos diretos desde os aeroportos de Congonhas e de Guarulhos. Em termos de hospedagem, pode-se optar por ficar em Belo Horizonte ou em algumas das cidades da Grande BH, como Lagoa Santa. É perfeitamente possível alugar um carro, curtir o dia todo em Inhotim e retornar para BH no final de tarde.


Se for possível apontar algum ponto negativo, talvez seja a ausência de boas opções de hospedagem em Brumadinho. Há muitos anos, contudo, Bernardo de Mello Paz constrói um hotel dentro do complexo de Inhotim. A previsão de inauguração muda a cada ano, mas quem anda pelo parque já consegue ver que a obra está adiantada. Será um hotel-butique com piscina, espaço para eventos empresariais e sociais, além de restaurante e spa – e o que é melhor, dentro do parque. A julgar o bom gosto de Bernardo, tenho certeza que o empreendimento será lindo e com um estilo único.

Não perca tempo, vá conhecer Inhotim. É perto, lindo, aconchegante e maravilhoso. Recomendo de olhos fechados para qualquer pessoa, mesmo para quem tem crianças pequenas. Eles certamente vão adorar também e se divertir aos montes. É um programa para toda família!

BIS – Beleza, Inspiração e Simplicidade!
Marilene Hannud 

 
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