Na semana passada, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood anunciou todos os indicados para o Oscar 2016, o principal prêmio do cinema mundial. O que isso tem a ver com moda? Bem, de uma forma ou de outra, ela está lá sempre presente nos figurinos dos filmes, muitas vezes criando clássicos e ditando tendências.
Como não lembrar, por exemplo, do famoso longo branco com bordados em preto (da maison Givenchy) usado por Audrey Hepburn em “Sabrina”, de 1954? Criada pela figurinista Edith Head, a saia de organza em várias camadas – típica dos Anos Dourados – vestida por Grace Kelly em "Janela Indiscreta", também de 1954, é inesquecível. Vencedor do Oscar de Melhor Figurino em 1960, “La Doce Vitta" nos brindou com várias peças memoráveis, como o longo preto usado por Anita Ekberg.
Sou amante do cinema e da moda, por isso em cada Oscar fico sempre atenta ao prêmio de Melhor Figurino. É inquestionável que o figurino desempenha um papel fundamental nas produções cinematográficas, o que permite aos diretores criar uma contextualização mais factível com a década retratada no filme, seja essa do passado, do presente, do futuro e até mesmo da imaginação. Além disso, as roupas cumprem papel essencial para a composição de personagens, auxiliando a maioria dos astros de Hollywood na construção de seus papéis.
Em 2016, cinco filmes concorrem ao prêmio de Melhor Figurino. São eles:
Não que os demais concorrentes não tenham figurinos incríveis, mas “Carol”, dirigido por Todd Haynes, pinta como grande favorito na disputa, na minha modesta opinião. O filme é um dos típicos casos em que as roupas chamam tanto atenção que acabam roubando a cena. Ambientada na Nova York dos anos 1950, a trama gira em torno do romance homossexual entre Carol Aird, interpretada pela genial Cate Blanchett, e Therese Belivet, vivida por Rooney Mara.
Três vezes ganhadora da estatueta do Oscar por “Shakespeare Apaixonado” (1998), “O Aviador” (2004) e “A Jovem Rainha Vitória” (2009), a britânica Sandy Powell recria com capricho e muito glamour, além de extrema atenção aos mínimos detalhes, os modelos utilizados na época. Em “Carol”, a personagem de Cate Blanchett usa roupas luxuosas, como casacos de pele e de cashmere, bem como peças com tecidos finos como cetim e seda.
Em recentes entrevistas, Sandy Powell revelou que se inspirou em looks de muitas revistas da Vogue dos anos 1950, principalmente para montar os modelos usados pela personagem de Cate Blanchett. Já para o figurino de Rooney Mara, visitas a brechós e feiras vintages de Nova York e Los Angeles, além de muita pesquisa, foram suficientes.
O resultado é mais do que brilhante. Com roupas chiques e elegantes, Cate Blanchett dá um show de estilo ao longo do filme. Peças como jaquetas trapézio e peplums são destaque, assim como seu inseparável batom vermelho. Remetendo ao que disse acima, quem curtia os lindos modelos de Grace Kelly no cinema vai rapidamente se identificar com o estilo dos personagens de “Carol”.
Essa não é a primeira parceria de Cate Blanchett e Sandy Powell. As duas também arrasam juntas na adaptação do clássico da Disney "Cinderela" (2015), dirigido por Kenneth Branagh, que também concorre ao Oscar este ano. Na produção, a brilhante atriz australiana interpreta a madrasta má da pequena órfã, vivida por Lily James, a Lady Rose Aldridge do seriado inglês Downtown Abbey.
Na época do lançamento, Sandy Powell disse que tentou modernizar o guarda-roupa do filme original, feito há mais de 50 anos. O icônico vestido azul usado por Cinderela na clássica cena do baile, por exemplo, foi criado com uma saia volumosa composta por mais de uma dúzia de camadas de seda em diferentes tons de azul. O grande destaque, contudo, é o sapatinho de cristal da protagonista, produzido com cristais da Swarovski.
Sinceramente, com duas indicações no mesmo ano, fora as três estatuetas que já venceu, Powell já merece um Oscar por todo o conjunto de sua carreira. Sou sua fã!
BIS – Beleza, Inspiração e Simplicidade!
Marilene Hannud
(*) as fotos são todas reproduções de internet
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