A lenda viva

O burburinho foi mais do que inevitável no mundo da moda brasileiro. No início de janeiro, a Riachuelo anunciou que ninguém mais ninguém menos do que Karl Lagerfeld assinaria a segunda coleção internacional da grife. Com sua equipe de designers e assistentes, Lagerfeld já criou 75 peças femininas fast fashion para a Riachuelo, entre roupas e acessórios, que custarão de R$ 50 a R$ 400. A apresentação ao público ocorrerá durante o São Paulo Fashion Week, que será realizado de 25 a 29 de abril, em São Paulo.

Fã incondicional do estilista alemão radicado em Paris, confesso que meu coração bateu mais forte quando soube da notícia. Não é pana menos: Lagerfeld é o último dos grandes estilistas das últimas décadas ainda em atividade – Yves Saint Laurent faleceu, Valentino se aposentou, Tom Ford vive uma transição na carreira e Helmut Lang caiu no ostracismo. Ativo, ainda muito criativo e extremamente talentoso, Lagerfeld é um dos reis do mundo fashion.


De Tóquio a Nova York, passando por Berlin ou Paris, Lagerfeld é sucesso onde quer que vá. Seu cabelo inconfundível, suas frases de efeito (“Minha única ambição na vida é usar tamanho de jeans 28” ou “Eu acho que tatuagens são terríveis. É como usar o tempo todo um vestido Pucci") e seu visual de personagem de desenho animado, bem como os inseparáveis óculos escuros, são suas marcas registradas.

"Eu não posso sair sem alguma coisa para proteger meus olhos, porque alguém pode jogar algum químico no meu rosto. Eu ficaria igual a meu professor de francês da infância, Mr. Pommes-Frites, cuja esposa o queimou com ácido. Você acredita no nome dele?", explicou certa vez. Sua preocupação não é em vão, afinal o People for the Ethical Treatment of Animals (Peta) vive fazendo protestos em seus desfiles.


Contato com público, contudo, não é seu forte. Ser perseguido por paparazzis, dar autógrafos, cumprimentar fãs são rotinas que Lagerfeld não é muito chegado. Então, é bom se preparar para um show de má vontade com o público durante a SPFW. "Hoje, todo mundo tem uma câmera, é flash para todos os lados. Sinto-me um fantoche, um marionete, o Mickey da Disney para as crianças brincarem. No Japão, as pessoas tocam em mim", disse em uma entrevista. "Mulheres japonesas já apertaram minha bunda, por isso agora tenho que ser firme e dizer 'Você pode tirar a foto, mas não me toque'. Não se pode apertar a bunda de alguém na minha idade", completou, com bom humor.

Até sua gatinha de estimação, chamada Choupette, chama atenção. Só no ano passado, a siamesa – que tem biografia lançada e 52 mil seguidores no Instagram – faturou 3 milhões de euros em contratos de publicidade.


Carreira

Nascido em 1933, em Hamburgo, na Alemanha, Lagerfeld vem de uma família rica e tradicional. Seu pai Christian fez fortuna ao introduzir o leite em pó na Alemanha. Já sua mãe Elizabeth tocava violino e adorava conversar sobre filosofia na mesa de jantar.

Desde jovem, Lagerfeld mostrava interesse em design e moda. Aos 14 anos, mudou-se para Paris e apenas dois anos depois já estava participando de competições fashion, sempre apresentando desenhos e cortes inovadores. Em uma dessas ocasiões, competiu (e ganhou) de alguém que se tornaria um amigo muito próximo: Yves Saint Laurent

Depois de três anos de muito aprendizado com Balmain e uma passagem como diretor de criação de uma grife francesa, Lagerfeld decidiu alçar voos próprios em 1961. Com competência, estilo e muita criatividade, o estilista rapidamente passou a colaborar com Chloe, Fendi e outras marcas de sucesso, ficando conhecido no mundo da moda por suas inovações e roupas de cores brilhantes, mas sempre com uma olhar para o passado.


Nos anos 80, Lagerfeld era uma das principais estrelas do mundo da moda, endeusado por modelos, profissionais do setor e jornalistas, que adoravam suas extravagâncias e vida social agitada. Amigos de estrelas do cinema e dos mundos da arte e da moda, o atual diretor de criação da Chanel era frequentemente visto com celebridades, como Andy Warhol. 

Ainda nos anos 80, sua contratação Chanel alterou por completo a trajetória da famosa grife francesa, que retornou aos anos dourados depois de anos de dificuldades nas vendas. Em 1984, Lagerfeld lançou sua própria marca, que ele gostava de definir como "intellectual sexiness" (sensualidade intelectual) – posteriormente a vendeu para Tommy Hilfiger.


Nos últimos anos, ainda ligado à Chanel (onde dá as cartas), Lagerfeld se aventurou pelo mundo do cinema e da fotografia, sempre mantendo em paralelo um calendário de eventos, aparições públicas e desfiles bastante ocupada. Suas contribuições a outras marcas, como a loja de departamentos Macy's e, agora, a Riachuelo, também ajudam a mantê-lo em evidência. Vida longa ao mestre!

BIS – Beleza, Inspiração e Simplicidade!
Marilene Hannud

(*) todas as fotos são reproduções de internet.

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