Marilene Hannud

Estilista entrou no mercado da moda há 30 anos, formada pela Faculdade Esmod de Paris, escritora do livro Mulher dos 15 aos 70 anos que conta a trajetória da vida da mulher através da moda.

Atualmente atua como Consultora de Moda e Assessoria de Imagem.

SPFW: análise sobre o maior evento de moda do país

Cinco dias, 39 marcas, novas tendências e muita gente bonita e estilosa. Terminou ontem à noite, com o desfile da Ellus, a 41ª edição da maior semana de moda do América Latina: São Paulo Fashion Week (SPFW). Realizado no Pavilhão da Fundação Bienal, no Parque do Ibirapuera reuniu em seu line-up as principais grifes brasileiras, que apresentaram suas coleções de Primavera/Verão.

Com o tema “Mãos que valem ouro”, essa edição marcou a estreia das grifes da A.Brand, À La Garçonne (com Alexandre Herchcovitch assinando looks femininos e masculinos), Amir Slama, Cotton Project, Murilo Lomas e Vix. A marca capixaba Amabilis, selecionada no projeto Top Five, realizado pelo IN-MOD em parceria com o Sebrae, também se apresentou, numa clara mostra de que a criatividade da moda brasileira está em todo lugar, basta apoio para incentivá-la.


Gostaria de fazer um apanhado geral de todos os desfiles, mas é tanta coisa para assistir e analisar que fica difícil. Meus comentários, portanto, ficarão focados nos desfiles que acompanhei com mais atenção. Ainda assim, vou me arriscar a fazer uma resumão do SPFW: espaço de criação e aberto a novas possibilidades, essa edição mais uma vez cumpriu com seu papel de ser uma plataforma para que diversas marcas inovem por meio de coleções criativas. 


De uma forma geral, foi exatamente isso que vi nesta edição: ousadia, criação maravilhosas, belos desfiles e muito estilo. Contudo, queria compartilhar um incômodo que me acomete todas as vezes que vou a desfiles nos dias de hoje: que saudade dos tempos em que as modelos eram diferentes. Explico: elas continuam lindas e deslumbrantes, mas hoje são sempre esqueléticas, com uma cara triste. Quando tinha meu ateliê cobrava isso das minhas modelos: sorriso no rosto!! 

Análise

A Iódice se inspirou no livro Happy Times, de autoria da irmã mais nova da Jackie Onassis, Lee Radziwill, para fazer sua coleção. A obra literária é praticamente toda passada na belíssima Costa Amalfitana, na Itália, e foram as cores da região – areia, azul claro, azul marinho, romã e uva – que inspiraram a estilista Simone Nunes. Ela também acrescentou o dourado, remetendo às roupas da Jackie, criando looks lindos e com muito estilo. Gostei muito da Iódice, como sempre. Foi uma coleção bem feminina, com muito jeans e o comprimento midi. As roupas me pareceram mais fluídas, prevendo um verão com visuais estilosos mesmo assim.


Outro desfile que me chamou atenção foi a da estilista mineira Glória Coelho, realizado no último dia do SPFW. Glória lançou sua primeira coleção para a G, antigo nome da sua marca, em 1974. Já nos anos 1990, com a própria grife fundada, ela criou sua segunda empresa, a Carlota Joakina, com roupas voltadas para o público jovem. Ontem, ela abusou do vinil, que apareceu nos melhores looks da coleção, criando vestidos com tiras de vinil, couro e tricô. Outra ousadia, que caiu muito bem, foram os macacões de neoprene justinhos com barras e golas de vinil. Lindos!

Na sequência, a Água de Coco apresentou uma coleção bem interessante. A dona da marca, Liana Thomaz, foi buscar na riqueza natural e cultural da floresta amazônica sua inspiração, com estampas de folhagem, vitórias régias, casas coloniais colombianas, frutas e sementes da região. Chamou atenção também a quantidade de tops no desfile: Isabeli Fontana, Aline Weber, Emanuela de Paula, Viviane Orth e Carol Ribeiro, além de Ari Westphal, Joséphine Le Tutour e Waleska Gorczevski. Outro destaque foram os brincões de pena, leves, metalizados, mas com muitas variações.


Adriana Degreas apresenta sua coleção também no segundo dia de desfiles do São Paulo Fashion Week. Conhecida por peças elegantes e que fogem do óbvio, a marca é considerada uma das principais do país na área de beachwear de luxo.
 
A inspiração de toda coleção nesta edição veio da Indochina, região sob domínio francês desde o fim do século 19 até os anos 40, que abrangia o Vietnã, Camboja e Laos. A aposta foi a mistura do glamour francês e do exotismo oriental, que resultou em peças lindas e originais. Marca registrada da grife, o grafismo nesse desfile apareceu, pela primeira vez nos modelos de Degreas, nos volumes sanfonados e nos plissados dobrados, que deram um efeito de babado aplicado manualmente sobre a lycra.

O desfile do talentoso Lino Villaventura, que abriu o último dia de SPFW, foi um espetáculo lindo e marcante. Mais ainda, a coleção foi apresentada em parceria com outros dois grandes nomes do mundo da moda, em uma grande produção: Miro fotografava ao vivo os looks que entravam na passarela (e eram reproduzidas em tempo real em um telão) e Paulo Borges dirigia a cena e as imagens devem virar uma exposição. A plateia ficou de frente ao estúdio montado com objetos como sofá, cadeiras, mesa de madeira e bancos, que iam sendo colocados de acordo com o que Miro indicava.


Mais uma vez utilizando a beleza e o talento de suas modelos de confiança, como Marina Dias e Talytha Pugliese, Villaventura apresentou uma coleção estonteante, com vestidos cheios de tramas, texturas e os volumes característicos do seu trabalho. Villaventura mais uma vez mostrou seu rico trabalho de moulage e construção de looks a partir de tecidos com nervuras e bordados, alguns com crina de cavalo. Vestidos lindos, que certamente estiveram entre os mais criativos e inovadores do evento. Um artesão único da alta costura brasileiro!

 
BIS – Beleza, Inspiração e Simplicidade!
Marilene Hannud

(*) fotos retiradas da internet e de mídias sociais das marcas citadas.

A crise, o setor de moda e a criatividade como oportunidade

Para quem anda pela Oscar Freire ou alguns dos shoppings centers de São Paulo, é impossível não reparar: a crise vem deixando, na forma de lojas fechadas, suas pegadas no mundo da moda. Só na badalada ruas dos Jardins, coração da moda no Brasil, o número de lojas fechadas passa de 70. Nada mais natural para um país que vive um cenário de juros e inflação altos, além de desemprego elevado, o que joga o consumo para baixo.
Não é novidade que o varejo – que inclui obviamente o setor de moda – é um dos mercados mais afetados pela crise econômica. Em 2015, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as vendas caíram 4,3% frente ao ano anterior. A virada do ano não trouxe novidades: em janeiro, o volume de vendas recuou 1,5% na comparação com o mês anterior, maior retração para o período desde 2005. Com o resultado, o comércio acumula queda de 5,2% em 12 meses. Para piorar, frente a janeiro de 2015, a diminuição verificada foi de 10,3%, a maior da série histórica do estudo, iniciada em 2001.


Como se houvesse notícias piores, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) divulgou ontem números ainda mais sombrios. Segundo a entidade, o volume de vendas do varejo deve recuar 8,3% este ano. Além disso, o total de trabalhadores formais do setor deve cair 3,3% até o fim do ano, o que representaria algo em torno de 253 mil demissões. Caso as previsões se confirmem, será a mais intensa queda no número de vagas desde 2004.

As estimativas são influenciadas por fatores ligados ao consumo, que tem previsão de retração. Renda do trabalhador em queda, juros ainda elevados, crédito restrito e alto patamar de endividamento das famílias não estimulam novas compras, explicou o economista da CNC, Fabio Bentes. “São fatores que devem permanecer no cenário por algum tempo e de difícil resolução no curto prazo”, disse Bentes.

Lá fora a maré também não anda tão para peixe assim. A queda da demanda chinesa, o dólar fortalecido frente a outras moedas e até mesmo os ataques terroristas em Paris transformaram 2015 em um ano complicado para marcas de luxo renomadas, como Prada, Burberry e Richemont (proprietária da Cartier). As ações da Prada, por exemplo, tiveram baixa recorde no dia 16 de dezembro do ano passado, o que levou a grife italiana a reduzir a intensidade da inauguração de lojas e a cortar custos este ano, bem como a lançar produtos mais baratos.

Oportunidade


Nem tudo parece, entretanto, dor e sofrimento no setor de moda. É possível, com criatividade e bom atendimento, escapar desse cenário recessivo. Falo com conhecimento de causa, pois quando tive meu atelier o Brasil era um país em crise constante. Por isso, no meu negócio, fazia questão de ter um atendimento personalizado com minhas clientes. Pesquisava muito as tendências internacionais para criar as roupas bonitas e inovadoras. Além disso, estava sempre em busca de bons e mais fornecedores.


Hoje, com a internet, é possível ser criativo – e falo de criatividade em tudo, no atendimento, no marketing e na área comercial – com ferramentas modernas, muitas delas gratuitas. O e-commerce está aí para provar que não é preciso ter ponto de venda para conquistar os clientes. O Facebook e o Instagram nos mostram que existem canais de comunicação gratuitos muito efetivos. O mundo virtual escancara que há um caminho para fugir da crise atual.

Outro dia li uma matéria sobre duas empresárias que criaram uma loja multimarcas de roupas femininas plus size. Estão indo muito bem, faturaram R$ 3 milhões em 2015 e preveem chegar a R$ 5 milhões este ano. Já a Renner apostou na organização das lojas, com menores filas para pagar, e agilidade no lançamento de produtos para escapar da crise. Com isso, conseguiu elevar a receita líquida no ano passado. São ideias simples, mas que podem fazer a diferença.


No cenário externo, é cada vez mais comum ver grandes grifes apostando nas vendas pela internet, principalmente de acessórios. Gigante do segmento de luxo, o grupo LVMH – dono das marcas Louis Vuitton, Fendi, Donna Karan, Givenchy, Kenzo e Marc Jacobs, entre outras – contratou um ex-executivo da Apple para comandar sua área digital, o que indica que a empresa vai investir muito forte na internet. Uma coisa é certa: há um grande caminho a se trilhar, mas o foco dessas empresas deve se concentrar na experimentação, em proporcionar uma experiência virtual de compra cativante e mais interessante.


É claro que a crise assusta, mas bons empreendedores são aqueles que demonstram resiliência e transformam os obstáculos em oportunidade. Aproveito para relembrar dicas para driblar a crise que dei em um post do início do ano:

  1. Criatividade, seja nas criações, como no atendimento ao cliente;
  2. Marketing é investimento; não é custo;
  3. O mundo digital traz muitas possibilidades: e-commerce neles!
  4. Para encantar um cliente, não basta pensar nele, e preciso pensar como ele;
  5. Você não escolhe o cliente, é ele quem o escolhe;
  6. Na hora da compra, o que conta é a percepção do cliente, e não a sua;
  7. Se a sua empresa pensa diferente do mercado, mude a sua empresa.


BIS – Beleza, Inspiração e Simplicidade!
Marilene Hannud

(*) Imagens retiradas da internet. Foto da loja é do site http://onegociodovarejo.com.br/ – não havia indicação de crédito.

Paris 2016: tendências, surpresas e fofocas

Vampiras de lábios escuros, lãs variadas, botas dos anos 80, muito veludo e boatos de troca-troca em marcas famosas... Sim, a temporada prêt-à-porter de inverno 2016-2017, realizada no início do mês, em Paris, foi muito agitada e teve de tudo um pouco. Por isso, o pós-evento merece uma análise bem completa sobre tudo que aconteceu. Só para adiantar, entre tantos destaques, impossível não citar Balenciaga e uma marca ainda pouco conhecida no Brasil, a francesa Vetements, que atraíram muitos holofotes.

Vamos começar pelas fofocas: a expectativa em torno das maisons Christian Dior e Lanvin, ambas sem diretores criativos até o início dos desfiles, era muito grande. Todo mundo – da mídia especializada e dos fãs aos demais estilistas – estava ansioso para ver o que as duas tradicionais marcas francesas apresentariam (a Lanvin acabou anunciando Bouchra Jarrar para o posto de Alber Elbaz logo após a semana de moda). Chanel e Saint Laurent (foto abaixo) também foram motivos de burburinho, tudo por conta da possível aposentadoria do mito Karl Lagerfeld, que está há 33 anos à frente da grife criada por Coco Chanel. E qual a conexão? Simplesmente porque o provável substituto é Hedi Slimane, justamente o chefe de criação da marca de Yves Saint Laurent.




Então, vamos às análises, começando com Saint Laurent, que usou uma mansão do século XVII, onde Slimane instalou seus ateliês, como locação. A homenagem ao genial estilista francês foi evidente em vários momentos, da organização dos desfiles, que teve um ar old school, às roupas desenhadas pelo novo estilista da grife. Os vestidos desenhados por Slimane remetem aos anos 70 e 80, com bastante volume, cintos largos, mangas enormes e muito brilho, além da modelagem elaborada, silhueta justa e saias curtíssimas. Destaque também para o casaco de coração em pele vermelha (foto abaixo), destaque no Instagram, e a The Love Bag, um acessório dourado em forma de coração que foi sucesso imediato.



Já a Chanel não fez um desfile tão intimista, mas colocou o público “na cara do gol”, ou seja, todo mundo "na primeira fila", muito próximo da passarela. Destaque absoluto para os chapéus ao estilo Gabrielle Chanel de início da carreira – mais modernizados é bem verdade –, as pérolas como acessórios em vários looks e as chiquérrimas botas de montaria. Na avaliação da crônica especializada, o desfile tinha um “quê” de Slimani, o que indica que ele será a nova mente criativa da casa, informação ainda negada.

Já os comentários sobre os desfiles de Lanvin e Christian Dior dividiram opiniões. De uma forma geral, muita gente considerou que, enquanto uma ainda sofre para se encontrar após a demissão do diretor criativo Alber Elbaz, a outra não brilhou como se esperava, mesmo que não tenha decepcionado. Na passarela, a Lanvin (foto abaixo) mostrou ainda muitos resquícios de Elbaz, deixando no ar que a expectativa pela chegada de Bouchra Jarrar, que estreará na temporada de Verão 2017 em Paris, em setembro. Já Dior, no primeiro desfile sem o belga Raf Simons, foi comandada pela dupla Lucie Meier e Serge Ruffieux, que trouxe à Paris roupas de corte impecável e muito elegantes, mas com pouca ousadia. Os destaques foram os lábios das modelos, pintados de preto (lembrando maquiagem da tribo dark), e as minibolsas coloridas, que compuseram um lindo contraste.




Grande destaque

Se a Semana de Moda em Paris teve um “vencedor”, com certeza ele se chama Demna Gvasalia. Criador do coletivo de estilistas Vetements e atual diretor artístico da Balenciaga, Gvasalia inegavelmente apresentou a coleção mais instigante, com destaque para a combinação entre alta costura e streetwear. Ele também chamou atenção pelo fato de ter contratado modelos não profissionais, caso de uma garçonete canadense que descobriu no Instagram.



Gvasalia inovou ao mostrar ao público os chamados “hoodies” (agasalhos com capuz), que são sua marca registrada; modernas e bem cortadas jaquetas; tamanhos oversized em muitos looks (foto abaixo); superplataformas de salto grosso; parkas utilitárias; trench-coats; calças largas; e lindas bolsas de couro liso polido e alças de corrente, entre outras combinações muito criativas. A impressão de toda mídia especializada foi de que estilista georgiano construiu um guarda-roupa moderno e utilitário, com claras inspirações vindas das ruas.




Por fim, as principais tendências identificadas por mim nos desfiles. Confira:

  • Os casacos confeccionados em material sintético, como nylon, acolchoado e matelassado;
  • As bota ao estilo militar, em um estilo punk chique;
  • O couro foi bastante encontrado em vestidos, saias, calças e macacões;
  • Pano brilhante, que confere brilho a qualquer peça, o lamê foi bastante usado;
  • Maxicamisas, com um lado preso e o outro solto ou cobrindo saias e pantacourts, deram um tom moderno a vários looks;
  • As minibolsas foram apostas de grades maisons, como Dior e Louis Vuitton;
  • O veludo também esteve presente em várias coleções, seja em saias, casacos, pantalonas, blusas e vestidos;
  • A sobreposição de camisas, calças e vestidos, tudo junto ao mesmo tempo agora, definitivamente foi tendência em Paris;
  • As pantacourt (calças na altura da canela) chamaram atenção.

BIS – Beleza, Inspiração e Simplicidade!
Marilene Hannud 

(*) Fotos do Getty Images, Agência Fotosite, ImaxTree e reprodução da internet.

Um dia todo para a gente!

Hoje é dia de celebrar nossa feminilidade. É momento de relembrar nossas conquistas na sociedade e as injustiças que deixamos para trás, mas também de meditar sobre o que ainda podemos alcançar. No entanto, ao ver quer mulheres comandam alguns dos países mais poderosos do mundo e ocupam posições de extrema importância na sociedade, fico com uma sensação ainda maior de que ainda podemos ir muito mais longe. Então, minhas amigas e seguidoras, feliz Dia Internacional da Mulher! Entre as muitas homenagens na internet, vale ver o doodle especial para esta busca criado pelo Google, que é interativo com imagens de mulheres de várias partes do mundo.

Mas diga uma coisa: você sabe por que é no dia 8 de março que comemoramos o Dia Internacional da Mulher? A história é muito tocante e ilustra como somos guerreiras e como tivemos que lutar muito para alcançar o que conquistamos.


Pois bem, no dia 8 de março de 1857, um grupo de operárias de uma fábrica de tecidos de Nova York cruzou os braços e ocupou toda a unidade fabril para reivindicar melhores condições de trabalho, como redução na carga horária diária (de 16 horas para 10 horas), equiparação salarial com os homens (elas recebiam um terço do que eles ganhavam) e tratamento digno no ambiente de trabalho.

Como era esperado, a manifestação foi reprimida com violência: todas as grevistas foram trancadas na fábrica, que na sequência foi incendiada. Não se sabe quem de fato ateou o fogo, mas infelizmente cerca de 130 tecelãs morreram, num ato totalmente desumano. Foi apenas em 1910, contudo, durante uma conferência de líderes de nações na Dinamarca, que ficou estabelecida a data de 8 de março como o Dia Internacional da Mulher. Um decreto da Organização das Nações Unidas (ONU), em 1975, oficializou a justa homenagem àquelas trabalhadoras guerreiras e, em consequência, a todas nós!

Nossos direitos
Mais que um uma justa homenagem, que rende agrados de filhos, companheiros e colegas de trabalho, o Dia Internacional da Mulher é uma vitória política, já que nos ajuda lembrar a importância de as mulheres usufruírem de todos os direitos que qualquer cidadão deve ter. É inegável que houve vários avanços, como a chegada de Angela Merkel e muito possivelmente de Hillary Clinton à presidência de seus países, entre outras conquistas, mas as mulheres ainda não têm acesso a todos os direitos que devem ter.

No mundo corporativo, por exemplo, ainda é visível a diferença de gêneros. Segundo o site de recrutamento Catho, embora a participação feminina em posições de liderança das empresas tenha aumentado 109,93% desde 2002, os homens ganham, em média, até 30% a mais nas mesmas funções. De acordo com a pesquisa, para cargos de gerência, por exemplo, a média salarial masculina é de R$ 19,2 mil, enquanto a feminino é de R$ 18,6 mil.


Vamos passar, então, para uma área que conheço mais: moda. É inegável que somos parte fundamental no setor, mas podemos alcançar muito mais. Há modelos que são grandes referências e ganham milhões – e elas merecem, como nossa top Gisele Bündchen –, mas eu ainda considero pequena a participação das mulheres entre os principais estilistas do mundo fashion. Inegavelmente, é um universo dominado pelos homens, basta lembrar grandes nomes como Valentino, Yves Saint-Laurent, Karl Lagerfeld, Giorgio Armani, Jean-Paul Galtier e Calvin Klein, entre tantos outros.


Tenho que fazer um registro, contudo, às grandes rainhas da moda mundial, como Madeleine Vionnet, Carolina Herrera e, claro, a grande Coco Chanel. Mais recentemente, Stella McCartney também ganhou muita notoriedade, deixando para trás o pedigree do seu sobrenome e se firmando pelo seu talento. No Brasil, é impossível não mencionar Zuzu Angel e, da nova geração, a Lethicia Bronstein, que fez o belíssimo vestido de noiva da minha filha. 

Eu, muito modestamente, sinto-me privilegiada de também ter participado disso tudo e, mais ainda, ter sido uma pioneira no meu país. Construí um atelier conhecido e conquistei meu espaço. Sou muito orgulhosa disso.


Fica, então, minha palavra de amor e carinho para todas as mulheres, bem como a mensagem que, embora já tenhamos conquistado muitas coisas, ainda temos bastante a alcançar. É no dia a dia, com esforço diário, persistência e, claro, com muito estudo, que chegaremos lá. Nunca desistam dos seus sonhos, faça-os acontecer e não deixe nada te impedir. Feliz Dia Internacional das Mulheres!!

BIS – Beleza, Inspiração e Simplicidade!
Marilene Hannud

(*) fotos são colagens de internet e arquivo pessoal.

Oscar 2016: análise do tapete vermelho

Muita gente há de concordar comigo: o tapete vermelho da cerimônia do Oscar é um dos maiores espetáculos da Terra. Veja bem, não estou falando de cinema. Refiro-me a única e exclusivamente de moda. É nesse pequeno trajeto que leva para os salões do Teatro Dolby, em Los Angeles, que a nata do show business mundial desfila elegância, ousadia e, claro, muitas bizarrices. Como esquecer, por exemplo, o bizarro vestido-cisne da cantora islandesa Björk na edição de 2001? Ou mesmo as inusitadas apostas da cantora e atriz americana Cher nos anos 80? Ainda assim, e graças a Deus, é muito mais comum ver as celebridades acertando do que errando, o que nos permite visualizar que looks serão tendências.

De uma forma geral, vimos apostas mais certeiras do que o contrário no Oscar 2016. A internet, contudo, não perdoa. Muita estrela virou meme, como a ex-modelo alemã Heidi Klum, que usou um vestido da grife americana Marchesa. Seu look de uma manga foi alvo de muitas piadas. Alicia Vikander, com um tomara que caia amarelo da Louis Vuitton, com vários detalhes em metal, também entrou na mira dos críticos – injustamente, minha opinião. Ela pouco ligou, afinal saiu com uma estatueta na mão (foi indicada ao prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante). Com um longo Ralph Lauren brilhante, Kate Winslet foi comparada a um saco de lixo fashion ambulante. Pura maldade!

Mas vamos à parte boa da história. Este ano, em especial, vimos vestidos estonteantes no red carpet do Oscar. Não é exagero dizer que Giorgio Armani foi o grande vencedor da noite. É de sua autoria três dos 10 trajes mais bonitos e comentados da noite. Armani ganhou ainda mais os holofotes porque, desses três looks, dois estavam com duas estrelas da premiação: Cate Blanchett, com seu magnífico vestido de organza verde claro; e Naomi Watts, que brilhou com um longo azul arroxeado bem cortado – e que caiu muito bem nela, diga-se passagem.


Apesar da “vitória pessoal” de Armani, dizer que seus vestidos foram os mais bonitos da noite é uma tarefa bastante arriscada. As principais estrelas do cinema mundial brilharam com longos de Dior, Valentino, Givenchy, Gucci e até mesmo Calvin Klein. Indicada ao prêmio de Melhor Atriz, Jennifer Lawrence, por exemplo, foi muito feliz ao optar por Dior com recortes ousados, em uma combinação de nude com preto que lhe rendeu muitos elogios.

Outra que chamou muita atenção dos fotógrafos e comentaristas de moda foi Olivia Wilde, que estava estonteante com um vestido cru todo plissado de Valentino. O que mais chamou atenção, contudo, foi o grande e profundo decote – formado por duas faixas de tecido que abriam desde o ombro de Wilde – do longo. Belíssimo!


Valem todo tipo de registro e divulgação também o lindo Dior que a protagonista do premiado Mad Max, Charlize Theron, usou na noite mais estrelada do cinema mundial. Vermelho e com um bonito decote, que realçou bem com o corpo de Charliz, além da saia justíssima e da cauda, o longo também foi um dos que mais chamou atenção no tapete vermelho do Academy Awards 

 
Por fim, Lady Gaga. A sempre ousada cantora norte-americana, dessa vez bem mais comportada, brilhou duas vezes durante o Oscar 2016. Primeiro no red carpet, em que estava linda e fatal com um longo todo branco do estilista Brandon Maxwell e recheada de joias caríssimas (nos sites de fofocas diziam que os brincos de diamante custavam US$ 8 milhões). Indicada ao prêmio de Melhor Canção Original (ela não levou a estatueta para casa), Gaga ainda brilhou no palco, com uma emocionante interpretação de Till it Happers.


BIS – Beleza, Inspiração e Simplicidade!
Marilene Hannud

(*) todas as fotos são reprodução da internet ou da Getty Images.

Indústria da moda: números e previsões para 2016

Um mercado em constante transformação e em franco e rápido crescimento. Em poucas palavras, é o que se pode dizer da chamada indústria criativa, que envolve diferentes segmentos de negócios, como consumo, cultura, mídias e tecnologia. É dentro desse pujante setor que o mundo da moda se insere, sempre inovando, criando empregos e chamando atenção do público. Para muitos, sua criatividade torna-o um gerador de receitas de imenso destaque na economia brasileira.

Divulgado no ano passado, o estudo “Mapeamento da Indústria Criativa” (saiba mais aqui), produzido pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), aponta que 251 mil empresas formavam o setor em 2013, alta de 69,1% frente a 2004, quando havia 148 mil companhias. Ainda segundo o levantamento, estima-se que esse mercado movimentou R$ 126 bilhões naquele ano, ou 2,6% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional – em 2004 esse percentual era de 2,1%. No período analisado (2004-2013), portanto, o PIB da indústria criativa avançou 69,8% em termos reais, acima do avanço de 36,4% do PIB brasileiro.


Segundo a Firjan, a indústria criativa empregava 892,5 mil profissionais com carteira assinada até 2013, o que significa crescimento de 90% frente a 2004. No que se refere à remuneração, os trabalhadores do setor ganhavam, há três anos, salários bem acima da média nacional: R$ 5.422 contra R$ 2.073 (valores mensais), com destaque para os segmentos de “Pesquisa & Desenvolvimento” (R$ 9,9 mil), “Arquitetura” (R$ 6,9 mil), “TI” (R$ 5,3 mil) e “Publicidade” (R$ 5 mil). Apesar de ter um dos rendimentos médios mais baixos, com R$ 1.965, o mercado de moda apresentou, segundo o estudo, a maior evolução de 2004 a 2013, com aumento de 42,1%.

Com salário médio inicial de R$ 1,3 mil, mas que pode passar dos R$ 10 mil para os mais experientes, o mercado de moda e confecção promete mais 300 mil novos empregos até 2025, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit). Hoje, são 1,7 milhão de vagas diretas e 8 milhões contando com os indiretos. Desses, 75% são de mão de obra feminina, segundo a Abit.


Especialistas dizem que um assistente de estilo em uma empresa do setor de moda pode ganhar de R$ 1,3 mil a R$ 2,5 mil, enquanto um designer, de R$ 6 mil a R$ 7 mil. Já um diretor criativo tem uma remuneração na casa de R$ 10 mil e um consultor de moda de uma empresa de grande porte pode alcançar um salário de R$ 10 mil.

Perspectivas e estratégia
Não é novidade que o varejo é um dos mercados mais afetados pela crise econômica. Em 2015, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as vendas caíram 4,3% frente ao ano anterior, no pior resultado da série histórica do instituto, iniciada em 2001. Apesar do resultado negativo, é inquestionável a relevância da indústria da moda para o setor varejista.

Números do Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo (Ibevar) corroboram a tese. Segundo a entidade, os mercados de moda e esportes foram responsáveis por 10,7% de toda receita líquida das 120 maiores varejistas do país em 2014 (ainda não há dados referentes a 2015), com um faturamento total de R$ 45 bilhões. C&A, Riachuelo, Casas Pernambucanas, Lojas Renner e Marisa (nesta ordem) foram os líderes em vendas.


Em volume, as vendas no varejo de roupas caíram 4,2% no ano passado ante 2014, apontam números divulgados pelo Instituto de Estudos e Marketing Industrial (IEMI), especializado em pesquisas e análises do setor têxtil e de vestuário. No total, o setor vendeu 6,217 bilhões de peças, volume inferior até mesmo a 2010, quando foram comercializadas 6,291 bilhões de produtos. Enquanto isso, a produção de roupas recuou 6% na mesma base de comparação.

Para 2016, mesmo diante do cenário de crise, a previsão é um horizonte mais azul. De acordo com projeções do IEMI, as vendas devem aumentar 0,8%. “É um crescimento vegetativo, mas positivo”, comentou o diretor do instituto, Marcelo Prado, em recente entrevista, acrescentando que a produção de roupas avançará 5,5%. A segunda previsão, segundo Prado, tem relação com a queda na importação de roupas por conta da escalada na cotação do dólar.

Como boa otimista que sou, acredito nas estimativas no IEMI. Na minha visão, temos no Brasil marcas consolidadas e reconhecidas pelo grande público, com um público fiel. O sucesso de eventos como o São Paulo Fashion Week ilustram o que estou falando. Além disso, com o dólar em alta, é muito provável que os consumidores prefiram comprar nas lojas de grifes brasileiras do que no exterior.


Ainda assim, as principais marcas do setor, como Arezzo, Osklen, Farme, Ellus, TNG, Riachuelo e C&A, entre outras, terão que se mexer para driblar a crise. Eu tenho algumas dicas para passar:

  1. Criatividade, seja nas criações, como no atendimento ao cliente;
  2. Marketing é investimento; não é custo;
  3. O mundo digital traz muitas possibilidades: e-commerce neles!
  4. Para encantar um cliente, não basta pensar nele, e preciso pensar como ele;
  5. Você não escolhe o cliente, é ele quem o escolhe;
  6. Na hora da compra, o que conta é a percepção do cliente, e não a sua;
  7. Se a sua empresa pensa diferente do mercado, mude a sua empresa.
BIS – Beleza, Inspiração e Simplicidade!
Marilene Hannud

(*) todas as fotos são reproduções da internet.

Uma ode à amizade

Na vida, amizade é tudo. Ter pessoas parceiras e de confiança, que realmente gostem de ti pelo que você é, é muito importante. Diria ainda que fazer amigos é uma das graças da vida, algo que não tem preço e que se guarda para sempre. A força da amizade vence todas as diferenças, fortalece qualquer tipo de laço, deixa lembranças inesquecíveis.


Muitas pessoas certamente entram e saem da sua vida, mas somente verdadeiros amigos deixam marcas no seu coração. Há amigos que escolhemos, existem aqueles que simplesmente aparecem do nada, outros que nos acompanham sob qualquer circunstância. 

Amizade não é receber, é dar. Não é magoar, é incentivar. Não é descrer, é crer. Não é criticar, é apoiar. Não é ofender, é compreender. Não é humilhar, é defender. Não é julgar, é aceitar. Não é esquecer, é perdoar. Uma coisa tenho certeza: amizade é clara manifestação de amor.

A amizade é uma virtude que muitos sabem que existe, alguns tem o prazer imenso de descobri-la, mas, na verdade, não é todo mundo que reconhece. Quando é sincera, contudo, o esquecimento é impossível.  A maior glória da amizade não é a mão estendida, nem o sorriso carinhoso, muito menos a companhia. Sua magia reside, com toda certeza, quando você descobre que alguém acredita e confia em você.


A verdadeira amizade deixa marcas tão positivas em nossas vidas que o tempo é simplesmente incapaz de apagar. Amigo de verdade é aquele que transforma um pequeno momento em um grande instante. É também uma luz que possibilita ao nosso dia a dia ficar mais colorido. Celebrar a vida é somar experiências e conquistas, e isso obrigatoriamente esbarra em acrescentar novos amigos.

Graças a Deus, ao longo de toda minha vida e carreira como profissional de moda, pude fazer uma ampla e variada coleção de amizades. São pessoas que sempre estiveram ao meu lado, incentivando-me a superar desafios, a vencer e a sempre ir mais longe.


Então, gostaria de usar esse post para prestar uma homenagem a essas pessoas que sempre estiveram ao meu lado, nos momentos bons e ruins, como um amigo deve ser. É tanta gente que valorizo a amizade e a parceria que fica até complicado elencar alguns nomes. 

Ainda assim, e espero não causar qualquer tipo de ciúme aqui (todos vocês moram no meu coração), vou me arriscar: Dudu Pacheco, Carmen Ruette, Sandra Tenolio, Marly Mansur, Eugenia Freuy, Ana Maria Boucinhas, Raquel Nepobuceno, Marlene Rito Nicolau, Regina Boni, Murilo de Sousa, Cesar Trevisan, Lili Vieria e Sheila Vonder.

A todos vocês, meu muito obrigado.

BIS – Beleza, Inspiração e Simplicidade!
Marilene Hannud

 
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